quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O mar...


Hoje apeteceu-me ir conversar com o mar.
Esse mar azul-salgado que, lá ao fundo, junto ao céu, marcava uma fronteira de sonhos,
horizonte de saídas e regressos ao meu porto de abrigo errante.
E apercebi-me de que o mar é enorme. E... de que tem vida.
E que com ele transporta uma pureza líquida com que resolvi lavar a vista e fazer palavras.
As ondas vinham sossegadas e estendiam-se a meus pés pedindo-me poemas.
Mas hoje, hoje só lhes consegui entregar as minhas lágrimas de tristeza e solidão.
Lágrimas também elas feitas de sal. Feitas de saudades. E de ti.
Talvez fossem esses poemas-lágrima que o mar me pedia…
porque por entre o seu cantar azul cheio de sol,
murmurou-me palavras de amor e de amanhã.
Entregou-me os teus abraços e as tuas vontades expressas nas suas ondulações eróticas.
Que mar é este que me beija o olhar e me desnuda as palavras?
Que mar é este que ora nos separa ora nos empurra na direcção que procuramos?
É um mar que se encosta ao lugar onde tu estás, na sua outra margem.
É um mar feito de ti. Imenso como tu.
António Barroso Cruz  (grande escritor português, da Ilha da Madeira)

Sem comentários: